Aurora
Fonte: NASA
Aurora
(A Martiniano Viana)
A festival aurora purpurina,
Vem abrindo do céu, os penetrais...
Trazendo orvalho, as flores da campina,
Luz, Vida e alento, puros, matinais...
Dando gorjeio às aves, alegria
Aos grandes corações dos animais...
Volita a borboleta... A cotovia
Ativa ao espaço cristalino canto;
O sabiá sonora melodia
A chorosa pomba, o arrulho, o pranto...
Diz na selva o riacho a murmurar:
Ó poema da natura, nobre e santo!
O esquivoso galerno vem roubar
As flores, o perfume seu latente
Para as flores aromatizar
A aurora traz ao mundo, ao prado, ao ente,
A ave, a flor, ao lírio, à criatura,
Ao peito que o vulnera dor pungente
Alma, alegria, graça, luz, ternura...
Faz esvoaçar em cada peito um bando
De cirros, de ilusão — vaga mistura.
Às vezes, flores, sons — aroma brando —
Faz entreabrir oculta nos abrolhos,
A flor de níveas pétalas, vicejando...
... É o céu entrando pelos olhos..
-Albino José Alves Filho
São Paulo, setembro de 1889
(Publicada em “A Verdade” de 17 de outubro de 1889)
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